quinta-feira, 4 de junho de 2009

“Tudo ao mesmo tempo agora, uma coisa de cada vez”

resenha dos shows do último fim de semana

Depois de quase uma semana fora da cidade e distante desse nosso mundo de todo dia – não, menino, eu não tava doidão por aí não! –, voltei com vontade de ir, como diria o Proust, em busca do tempo perdido. E andei meio perdido esse fim de semana mesmo, a começar da quinta. Fui a tudo o que pude ir, e estou de ressaca até agora. Me aterei aos relatos sobre sexta e sábado.

SEXTA-FEIRA (29/05): Fui ao Bebe Blues & Come Jazz... encontrei com duas amigas com quem travei umas boas horas de conversa, sobre música, arte, design, cultura pop local, et cetera (uma delas é designer e a outra cantora de MPB, das boas, ambas, lindas – morram de inveja, cuecões da Lista... rsrsrs). Casa cheia, conversa animada. Mas a gente decidiu que queria mais. Fomos ao Papagaio Pirata. Quando os bares e casas de shows do Centro Histórico estavam fechados, e já um pouco antes de fecharem, o Papagaio era o local mais freqüentado pela galera indie & rock and roll da cidade, mas hoje, com tantos lugares disputando a sua clientela, não é mais; mas, mesmo assim, continua bem bacana. O pessoal da nova administração, pra quem não foi lá por esses dias, fez umas reformas, nada muito demais, mas que deu uma boa melhorada à estrutura. Estou bem animado com um show que faremos lá, depois dos festejos juninos (04/07), com a Seu Pereira. Pois bem, ainda sobre a noite da sexta no Papagaio, quem tocava quando lá chegamos era o grupo de samba Trem das Onze, depois Sonora Sambagroove e discotecagem por conta do Formiga no intervalo entre uma e outra banda. Sou que no Espaço Mundo rolava uma festa particular, casa fechada; e no Candeeiro tinha reggae... enfim... Que importa é que as minhas amigas tavam ali, e tava tudo muito bom... cheguei em casa com o dia já clareado.

SÁBADO (30/05): Fui ao cimena (no Tambiá), a tarde; vi o filme Che, que é excelentemente interpretado pelo Benicio Del Toro.

_____ CORTE _____

Leitor querido / leitora querida, pessoa culta és, não façais vã a rogativa que agora vos dirijo: ide ao cinema, vede Che. Vale muito a pena, vos digo. O filme é baseado (ui...) nas memórias (escritas) do/pelo próprio Che, e se tu fores criativo, podereis pensar no tal como continuação ao “Diários de Bicicleta”. Tereis uma verdadeira súmula da vida do argetino famoso. Em suma: excelente filme, vibrante, comovente, historicamente relevante... digno de vários prêmios da Academia. E às menininhas, aviso-lhes que tem o varão Rodrigo Santoro trajadinho de revolucionário. Eia! apelação completa.

_____ FIM DO CORTE _____

Liguei pra Carol Morena e perguntei o que ia rolar no Espaço Mundo: “Oi, Pata”, ela disse, “hoje tem a Festa Clash; a casa tá tãooooo arrumadinha, vai lá”. “Eu vou dar uma passadinha”, disse-lhe. E, com cansaço e tudo, fui mesmo, que sou homem de palavra. A noite estava naquele chove-não-chove que a gente conhece tão bem por esses dias. Depois de decidir não decidir sobre qual lugar iria (Espaço ou Candeeiro?), e depois de ter amigos nos dois lugares, fui ao Espaço e, armado com uma dose de licor de curaçau, fiquei dançando e de papo com os meus amigos Thiago Sombra, Falcão e outros tantos que por lá estavam. Nessa hora a banda Arupemba devia ta se apresentando no Candeeiro Encantado. Pensei que podia ficar de lá pra cá, e o fiz. Entrei no Candeeiro quando o Zé Guilherme estava se apresentando. “Nada para esse Pedro Osmar, Osmar, Osmar, Osmarrrrrrrrrrrr...” Do caralho! Depois o elogiei pessoalmente. A banda da seqüência era Burro Morto, e aí eu decidi dar mais uma chegada ao Espaço – na Intoca tava rolando uma have, da qual nada sei informar. Fiquei por lá até o tempo que julguei os moços barbudos e cabeludos do Burro levavam para montarem seus instrumentos. Quando voltei eles estava começando a tocar. Me encheu os olhos ver o Halley usando um sintetizador Moog (meu sonho de consumo, e de onde vem o sobrenome da Madalena). Fiquei pensando que, talvez por não estar tão familiarizado com este synth ou por haver feito quase todas as músicas no MicroKorg, ele usou mais esse aí mesmo. Enfim... showzão, como sempre. A Burro Morto é hoje, sem dúvida, uma das bandas mais bacanas e inovadoras da cena local. Depois do show deles, fui novamente ao Espaço, e depois voltei pra ver a última banda da noite: “As Parea vai tocar, As Parea; As Parea vai tocar, As Parea; As Parea vai tocar, As Parea...” berrava o Chico Viola, enquanto os caras ajustavam os instrumentos... e demoraram muuuuuuito para isso. Vi gente reclamando da demora. Enfim, muito bom ver a banda em cena, depois de tanto tempo sem fazerem shows por aqui. Showzão! Olhei pro céu e vi que clareava! Cansaço batendo e morgação. Um táxi me trouxe pra casa por 15 contos. Dormi até a tarde do domingo. Domingo fez um dia de sol fresquinho, e eu nem o vi direito. Pensei que as coisas, aqui, funcionam meio que em ondas: uma casa de show fechou (a Ksa Rock) e logo depois foi o Galpão 14, e antes disso o Gabinete do Fuba, etc; uma casa abriu (o Espaço) e depois várias vieram na esteira. Eu soube que o Bar dos Artistas (que era onde funciona o atual – se sem graça – Paraibar, na parte externa do Teatro Santa Rosa) vai reabrir; não sei se no mesmo local; mas parece informação segura. “É uma onda, pensei”. Que continuem abertas todas essas casas, e que outras mais abram; desejo! E que noites como as de sexta e sábado, noites com sol, venham mais quantas venham. “Tudo ao mesmo tempo agora, uma coisa de cada vez”.

Por: Patativa

1 comentários:

caso.me.esquecam disse...

eitcha porra, começou citando proust. o negocio tah bom mermo...

tantos lugares disputando o publico do papagaio? JP mudou mesmo depois que eu fui embora, hein...

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