quarta-feira, 1 de abril de 2009

Despedida do Metal na minha vida: Iron Maiden - Hellcife 2009 (Parte II)

Então... como eu ia dizendo...
Luzes apagadas, um som de tempestade, Lauren Harris tava chegando. Abri minha cabeça mais uma vez. Parei por um momento e pensei: e se ela tiver talento mesmo? Filha do baixista do Iron, Steve Harris, pelo amor de deus, ela não pode tá aí só por causa do pai. Mais tarde eu respondo isso.
Sonzera... guitarra cheia de distorção, baixo do caralho e a batera cheia de pegada... o instrumental tava massa e minha expectatica pela voz dela crescia. O baterista lembra Rayan (Nublado) no jeito de tocar, guitarra parecia mais Slash do que o próprio, o baixista era uma mistura de Duff com Motley Crue. Acho que esses caras são a geração que é influenciada pelos anos 80/90. O som deles não é Metal como o do Iron, é mais cru. Mais Heavy Metal e menos Hard Rock, embora a pegada Hard ainda se ouvisse. o que fudeu com a banda inteira foi a voz da Lauren, que não combinava. Jeito de menina revoltada, escandalosa, que inclusive não passava isso na voz... que era doce e não combinava com o instrumental. Menina rica... com sonho de fazer banda... e olhe lá que o Steve tem uma cara de ser um bom pai... em fim!
O que ganhei com o show da Lauren Harris: uma puta dor de cabeça. Comprei um Burn e fui me posicionar pro show dos caras.
21H em ponto, luzes apagadas novamente. Tensão, silêncio no palco, alvoroço do público, mas nada de propagandas psicodélicas. Dessa vez mantiveram a iquietação, era preciso.
No telão surgem imagens da banda com uma música de fundo, o público entra em estado de êxtase... parece um trailler do filme do Iron Maiden, um documentário que foi lançado no rio em março, falando dos bastidores da banda. Mais um, por sinal.
Depois disso, mais tensão e suspense... então entram cenas da segunda guerra mundial, com um discurso, mesma abertura usada pela banda em shows dos anos 80. A primeira música, sendo assim, todos já sabiam qual era, Aces High fez o chão tremer e mostrar que a banda ainda pode.
Não vou falar do show música a música. Mas vou falar do que achei da banda, do público e do concerto:
O Iron Maiden tá velho. Tá mais velho e estão mais experientes. Por isso a alta qualidade de todas as músicas, que se comparadas com os albuns antigos (ao vivo) dão arrepios. Estavam vestidos igual ao show do Rock In Rio III em 2001. Quando lançaram aquele DVD e voltaram a fazer shows memoráveis. Essa tour pelo brasil era a "somewhere back in time", ou seja, só tocariam músicas antigas, nada de albuns dos anos 90 pra cá. Mesmo assim, o show pareceu muito com aquele do RIR 3. Adicionando apenas mais algumas músicas, entre elas The Phantom of The Opera, Powerslave, etc. Quando eu olhava pro telão, parecia que eu tava vendo um show gravado ao vivo em algum outro lugar. As cameras estavam posicionadas da mesma maneira, só que tudo aquilo tava acontecendo bem diante dos meus olhos, ao vivo, em miniatura.
Bruce corria, gritava, pronunciava "Recife" corretamente, disse que agora éramos oficialmente amigos do Iron Maiden e que voltariam em 2011 com album novo. Cumpriram a promessa feita em 2008.
Steve Harris tava lá, atirando em todo mundo com o baixo dele. Adrian Smith e Dave Murray eram os mais quietinhos. Nico ficava escondido atras da bateria e levantou-se duas vezes para distribuir baquetas e sorrisos. É o mais velho da banda, todos tem muito carinho por ele. Destaque especial para Janick Gers, que putaqueopariu!!!!! O cara não se importava se estavam filmando ele ou não (muito profissionalismo??), tava fazendo acrobacia sempre com a sua guitarra. Muito boa a presença dele, como é o terceiro guitarrista da banda, fica mais responsável por efeitos e vizualização do que propriamente música. Tudo faz parte do show!
Músicas não tão dançantes... é um show pra ser visto, apreciado. Por isso fui! Por isso acredito nos caras. Eles ainda são a Old School do Heavy Metal, os precursores do New Wave of British Heavy Metal, por isso detém algo muito bom e puro. Criam também suas viagens, nuances, climas psicodélicos. Há efeitos, teatralidade, performance entre os integrantes. Bruce troca de roupa em The Trooper, põe máscara em Powerslave, agita uma bandeira da Inglaterra, desafia o público, brinca.
É uma banda muito boa, mas sofre um mal que toda banda consagrada deve sofrer, se quiser manter o sucesso: a vida em uma fantasia. Deixe-me explicar:
Todo músico, toda banda, após algum tempo tocando junto, desenvolve habilidades em conjunto, o que acaba a levar a uma evolução no estilo. O metal não é um estilo que proporcione tanto espaço para essas mudanças. A crítica da emprensa e dos fans é muito pesada quando um ou outro album foge do usual. O Iron voltou pro Brasil com uma tour de músicas antigas. As mesmas versões, sem mudar nada. Sinceramente, os caras talvez até gostem, mas eu notei alguns momentos de cansaço da banda. Não de cansaço físico, mas musical. De tá tocando aquela mesma coisa, pela quinta vez seguida só em um país, fora os outros todos, fora todos os outros anos e tous já feitas, em 30 anos de banda. Eles vivem a fantasia criada pelos fans. Pelos Headbangers que criam uma concepção e querem ver aquilo, ou então o show não é garantido. Eu, a julgar pela fase em que me encontro hoje, preferiria que o show tivesse tido algo diferente... uma surpresa, uma brincadeira. Já pensou o boneco gigante do Eddie entrando em meio a outros bonecos do carnaval de Olinda? hahaha, ou ao menos com os braços moles igual a esses bonecos? Mas o fan que é fan realmente não gostaria de ver isso. O que viram foi um show igual a outras centenas de shows do iron. Foda também. Muito bom! Igual as outras centanas de shows deles. Mas no fim das contas, igual! Um filme que retrata muito bem essa problemática é o Rockstar, com Mark Whalberg. Banda com integrantes já velhos, sem a mesma saúde de antes, tocando apenas pra sustentar uma fantasia.
Bem... mesmo me dando conta disso, valeu demais ter visto o show. Tá ali, ter comprado alguns suvenirs, feito alguns bons colegas, possíveis amigos, ter rido, faltado ao trabalho. Dia diferente, algo que eu já pensei, há dois anos atrás... "caralho, quando eu for prum show desse vai ser massa". E foi!
E sobre os Headbangers... ô povinho pitoresco. Gente fina, sim! Caretas, talvez! Ao menos, muitos são. Não sei os de fora, mas os que vi lá eram. Piadas legais, boa conversa... só é ruim quando entram muito a fundo no quesito banda favorita. Estilo nerds, adoradores mesmo. Poderiam ser até chamados de xiitas da música. Fans número 1. Radicais não experimentais. Eu já sabia muito sobre eles. Não me venham falar de não haver segregação entre os estilos de fãs, por que isso existe. Ao menos culturalmente, mas existe... e quase que fisicamente também.
Também haviam os sunitas. Haviam os "trues" e haviam aqueles caras com cabelos sem personalidade, que copraram camisas a 20$ na entrada, colocaram e se sentiram enturmados.
Inclusive... filosofia que herdei desse show: o cabelo é a sua personalidade! Pensem Nisso!
E assim acabou o dia em que, como disse um fã na fila para um jornal de pernambuco: "juntou mais gente do que a própria igreja católica". Como isso foi ao ar não sei. Como também não sei se vão achar esse cara ainda vivo.

Por: JK
Fotos: todas de câmera pessoal: Denise.

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